Era o dia 14 de julho de 1985. Às 21 horas, um Recital de Violão de Turíbio Santos, ia inaugurar o Teatro Espaço. A casa de número 327, da Rua Dona Geralda, em Paraty já tinha sido um armazém. Segundo Seu Zezito Freire, morador antigo e conhecedor profundo, foi também o primeiro cinema. Depois sei que foi um bar chamado “A Luz Difusa do Abajur Lilás” (belo nome...) e depois a galeria de arte do Zilco. Mas foi como casa de moradia do seu proprietário, Douglas Rameck, que Rachel e eu a conhecemos.
Compramos o prédio no início de 1985 e começamos uma reforma, com os pouquíssimos recursos que nos sobraram e conseguimos transformar a casa no grande galpão que tinha sido no início. Mas foi só isto e no dia 14 de Julho, o teatro não tinha palco, não tinha cadeiras, não tinha nada... Conseguimos carteiras do CEMBRA, a escola estadual, que juntamos e cobrimos e cadeiras emprestadas que colocamos em fila. Pronto, tínhamos palco e platéia... O recital do Turíbio foi um grande sucesso e daí para frente não parou mais.
Trinta anos se foram, de batalha, de esforço, mas também de alegria, de prêmios e de uma sustentabilidade garantida quase integralmente pela nossa bilheteira. Mas foi um longo caminho, de olhar, entender e aprender com humildade. Paraty é uma cidade especial. Aqui, tem um público que se modifica a cada semana. Gente nova chegando sempre, gente interessada numa cidade histórica, o que em si, já é um interesse cultural. Mas como atrair para dentro da nossa sala aquele público. Aí o aprendizado se intensificou. Uma coisa é você perceber a realidade do lugar, o que ele te oferece. Outra é você conseguir transformar este conhecimento em benefício. Começamos pelo entendimento de que somos parte da economia local. Profissionais como os demais, cumprindo com a nossa função dentro da comunidade de maneira digna e respeitosa.
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| espaço dentro do teatro |
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| entrada do teatro |
Durante a viagem podemos contar com a visita do belo teatro de bonecos onde podemos assistir a 7 peças, o espetáculo traz um velho tocando violino, um suicídio, uma índia em momento de reflexão, o flerte engraçado de dois velhinhos, um namoro pré-adolescente, uma surpreendente cena de rejuvenescimento ou renascimento, e um misto de despertar erótico e parto que é particularmente perturbador.
Em nossa opinião a peça mais marcante foi a ultima em que a mulher se engravida, mostra a autossuficiência da mulher, onde mostra que a mulher pode fazer tudo o que ela quiser sozinha sem precisar de um homem ao seu lado. A peça retrata esse assunto pois todas as peças são baseadas nos seculos passados onde a sociedade era muito machista e a mulher não tinha voz e era tratada como inferior ao homem.
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| peca que mostra a autossuficiência da mulher |